sexta-feira, 30 de maio de 2008

O novo mundo ali na margem sul

Tudo isto é tão belo que me vieram as lágrimas aos olhos:



ps. atentem na letra. o hino do PSD não anda longe.

A realidade ultrapassa sempre a ficção

Uma variante japonesa da história de prender gente em lugares pequenos. Mas desta vez foi voluntariarmente:

A woman has been arrested in Japan for sneaking into a man's house and living in his closet without him knowing

Police found 58-year-old Tatsuko Horikawa living in a small storage space in the house in the southern city of Fukuoka.

The house belonged to a 57-year-old man, who had become suspicious after food disappeared from his fridge.

So he installed a surveillance system, which filmed the woman as she walked around in his absence.

On Wednesday afternoon police searched the house and found the woman in her cubby hole.

She had brought a mattress into the tiny space in the closet, police said.

"She told police that she had nowhere to live," the French news agency AFP quoted a local police spokesman as saying.

"She seems to have lived there for about a year, but not all the time."

Leituras recomendadas

Links recomendados actualizados (ali à direita, mais abaixo). Para ver e ler (entre outros que lá estão):

O que subjaz

e

Nós na algibeira

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Moita e o liberalismo



No fim dos tempos, Mário Pinto, João Carlos Espada, Roberto Carneiro e Durão Barroso fundarão um novo mundo demo-liberal na margem sul. Correrá leite e mel. Sem memória de estado ou educação soviética. As crianças louras e sorridentes pegarão touros ao som de Kátia Guerreiro. O Avô Aníbal balançará na cadeira do alpendre. Duas cegonhas cruzarão o céu a caminho do sul. Não haverá contexto, psicologia, utopia ateia ou teoria social que perturbe esta paz. Hossana nas alturas.
Apus, Apus: a leitura está a fazer-me mal. Como vês, hoje também há parvoíce quanto baste.

Pluralismo no Elogio da derrota


Não vá a CIA confiscar-nos a licença no Blogger.

Mário Pinto: mais um intelectual indispensável.




Divulgamos um excerto da infatigável prosa do Professor Espada, recentemente publicada no Expresso, Segunda-feira, 17 de Mar de 2008 - mais uma jornalada de referência. Versa sobre um outro intelectual indispensável. Muito há a comentar sobre este constante e estimulante "shake-hands" entre os intelectuais da democracia liberal. O problema é que outras leituras exigem a minha atenção neste momento. Embora essas pouco distintas prosas tresmalhadas do passado sejam de intelectuais dispensáveis, Universidades Públicas - entre as quais aquelas que fazem o favor de acolher os meus miseráveis trabalhos - exigem-nas. Infelizmente ainda não chegou a "livre iniciativa" à Universidade, pelo que não posso deliciar-me todo o dia com bibliografia repleta de Pintos e Espadas.


«Terá decorrido ontem em Lisboa, na Universidade Católica, uma homenagem ao Professor Mário Pinto (escrevo antes do evento). Trata-se de um acto de justiça e reconhecimento. Mas qualquer homenagem a Mário Pinto fica sempre aquém da dimensão da personalidade e da obra do homenageado. A sua discrição e o seu desapego a cargos e honrarias são hoje as mesmas que sempre foram. Mas a verdade é que o seu legado é imenso, abrange sucessivas gerações e inspira inúmeras instituições que ajudou a criar - e às quais nada pediu em troca. Católico convicto e observante, Mário Pinto esteve sempre do lado da tradição cristã da liberdade. No antigo regime, esteve ao lado do bispo do Porto e da Ala Liberal de Sá Carneiro. Foi deputado constituinte pelo PPD. Esteve no início da batalha contra a unicidade sindical e o restante estatismo jacobino, ajudando a criar a UGT. Mas a paixão da sua vida tem sido a batalha pela liberdade de educação, contra o Estado (des) educador - um tema que seria útil recordar no actual debate terceiro-mundista sobre a alegada reforma do nosso sistema soviético de educação.»


Perestroika, muito catolicismo observante e até breve.

Foi você que pediu uma dispensa? Pois tome lá um intelectual indispensável

O Público é, como tem sido hábito afirmar, um jornal de referência. Poderemos mesmo afirmar que o Público se encaminha para se transformar num monumento referencial ao jornalismo. Quem sabe uma referenciada jornalada à monumentalidade portuguesa. Um português senta-se numa pastelaria suburbana e abre o mundo diante dos seus olhos: cheias, terramotos, oscilações do mercado, primeiros ministros em calções, ministros com modelos, modelos com livros publicados, livros engolindo outros livros, livros com modelos em calções, ministros com terramotos… Não é o mundo, é a fanfarra da Moita exportada para a Europa, licenciada e de gravata. Em todo o caso, um leitor de jornais avança confiante até à zona de opinião onde lhe servirão o público afecto dos cidadãos esclarecidos. Ontem, na penúltima página - em espectacular destaque cronístico, figurava um artigo do Dr. Zé Manel Durão Barroso, intitulado «Um intelectual indispensável», Público, 28 de Maio de 2008. Logo o distraído leitor inicia um distinto desfile na sua mente. Passam Deleuze e Foucault, Aron e Popper. Não, não é nenhum destes. Talvez se anuncie a revisitação de Benjamim ou Arendt. Será Levi-Strauss, será Hayek, será mesmo Schumepeter? Também não. Continua a o leitor, na expectativa, a fazer desfilar na imaginação a galeria ilustre: Adorno, Samuelson, Habermas, Friedman, Ricoeur? Ninguém aparece ao fundo da avenida. Na verdade, o Dr. Zé Manel desfaz o enigma e lança impante para desfilar diante dos olhos estupetafactos de todos os leitores do Público que o intelectual indispensável é - nada mais, nada menos - João Carlos Espada. O leitor aguardava um bela e oleada crónica sobre o papa e saiu um rascunho sobre o primo do sacristão.

Ficamos a saber, com a vibrante prosa do senhor Comissário, que Espada ensinou em «Universidades Americanas de Prestígio», como Georgetown e Stanford. Com efeito. São, na verdade, prestigiada instituições. Direi mesmo, venerandas academias. Ficamos a conjecturar, depois de observar o currículo do Professor Espada, que pasta de sabedoria terá ele amassado em Stanford (apenas o Trimestre de Primavera de 1996) e em Georgetown (apenas o Semestre de Primavera de 2000). Isto como Professor Visitante. Esqueceu-se o Senhor Comissário - em justificado rigor e meritória titulatura - de encabeçar o artigo com mais apropriado mote «um Professor Visitante indispensável: o que seria da Primavera americana sem a “lecture” do Professor Espada»

Aprendemos muito com todos estes intelectuais indispensáveis. Dispensamos mesmo os autores acima supracitados. Quem precisa de Popper, se o Professor Espada fez em Oxford a sua devida exegese? Quem precisa de referendos aos Tratados, se o senhor Comissário prefacia livros de intelectuais indispensáveis? Dispenso para todo o sempre a minha opinião! Que se finde a Primavera e cantem para nós os frescos ribeiros e os frondosos pomares do pensamento responsável. Professor Espada, Senhor Comissário! Que seria do riso sem a vossa indispensável prosa?

O homem como criador II

terça-feira, 27 de maio de 2008

Axioma da luz

"Quando o Benfica está bem, Portugal fica melhor" - Quique Flores, o novo treinador do Benfica

Caro Alf, bastará que o teu Benfica ganhe tudo para o ano, e acabam-se os problemas. A malta do futebol é que sabe. Simplificam a vida de uma pessoa.

Directamente do baú: Billy Bragg



sigam a letra aqui. um senhor este Billy Bragg.

O umbigo dos economistas

O caro leitor terá decerto reparado que sou um daqueles tolos que ainda perde tempo em ouvir economistas. Ontem, no programa Prós e Contras, Medina Carreira desfilou mais uma vez, em saltos mortais e piruetas, a sua teoria do apocalipse liberal-ó-capitalista-temos-que-trabalhar-mais-isto-é-a-verdade. Vários meses depois de uma entrevista a Mário Crespo, sacou da sua memória vitalíssima, a mesma história da rapariga-caixa-de-supermercado, «de umbigo de fora» (Medina Carreira dixit) contando as cervejas da grade, uma a uma, por desconhecer as regras da multiplicação. Com efeito, as perturbações de um umbigo adolescente podem embaciar um pouco o entendimento, facto a descontar na contabilidade do disparate, onde, por sinal, Medina Carreira é um dos mais avultados devedores. E porquê? Como temos o dever da verdade, há que recordar o principal problema de Portugal: aqui no Elogio da Derrota, temos sido verdadeiros em diversos momentos. Temos mesmo servido a verdade em bandeja de prata. O problema é que a verdade vem cortada às fatias e na hora de juntar batatas e distribuir, uns ficam com o lombo da verdade, outros com as costeletas da verdades, outros com a banha da verdade e outros, ainda, com o osso da verdade. No entanto, os «marretas» continuam a desfilar ininterruptamente, servindo verdade assada, verdade cozida, verdade salteada com molho aux champignon, verdade gratinada. A título de exemplo, Medina Carreira e Ricardo Costa fazem um belo gaspacho de verdade com fatias de bacon em vinho de Palmela.
O problema de Portugal é justamente a escassez de figuras como Medina Carreira ou o inefável Presidente da República. Contudo, podiamos juntar o engenheiro Azevedo, o inefável Carrapatoso, ou outros gestores de nomeada e mormente. Mas como pode ser - perguntará o escandalizado leitor - não existir cada um destes bonecos em cada quarto de brincar aos portugueses e aos seus compromissos?

Uma pequena história. John Maynard Keynes, nascido em 1883, ano da morte de Marx, talvez o mais brilhante economista do século XX, não só teórico e académico, mas político e gestor de primeira água, assumiu por diversas vezes posições de destaque na economia britânica (presidente do Conselho de Companhias de Seguros, conferencista em Cambridge e ainda, ó blasfémia das blasfémias, Funcionário Público na Secretaria da Índia). Entre vários textos decisivos da análise económica, Keynes começou por amar os clássicos, história e inglês, tornando-se um perito em poesia latina medieval.


Caro leitor... poesia latina medieval! Eu sei que o mundo não é mesmo, a globalização, valor acrescentado, a apoteótica santidade do mercado, os produtos diferenciados, e tal...Em todo o caso, foi durante a campanha para a presidência da República que um apoiante de Aníbal Cavaco Silva proferiu a mais boçal afirmação da história política portuguesa: «Não se paga salários aos funcionários públicos e aos políticos, nem pensões aos reformados com a hipotética cultura dos que dizem conhecer os Autos de Gil Vicente, as redondilhas de Camões ou os sonetos de Antero». A plateia explodiu num aplauso apoteótico, o candidato Aníbal ergueu a custo o lábio superior para esboçar um sorriso, as luzes tremelicaram arrepiadas com a vibração da sentença profética, a nação acordou para trilhar os caminhos verdadeiros do senhor. O autor do discurso chamava-se Medina Carreira e na minha empresa não o empregaria nem como caixa de super-mercado, mesmo que viesse com o umbigo de fora, uma vez que as suas qualificações são tão elevadas para a função que estragariam o tecto da minha grande superfície. Mas eu sei - é claro - a minha hipotética empresa de retalho desabaria em falência na primeira semana de vida. Resta-nos por isso recorrer à sapiência de Medina Carreira e Aníbal Cavaco Silva, homens que nada relaciona com a destruição do governo democrático em Portugal nos últimos vinte anos.

Hoje é terça-feira. E as 8h37 estavam 27ºC. Congelem-me antes a mim.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A derrota na primeira pessoa. Viva na memória.

No Público de hoje:

"O penálti que falhei vai perseguir-me para sempre"
26.05.2008, Manuel Mendes
John Terry admitiu que o penálti falhado frente ao Manchester United na final da Liga dos Campeões o irá "perseguir para toda a vida". O defesa central dos blues, que teve nos pés a oportunidade de decidir a final, detacou ainda que se sente "muito o falhanço". "Sinto muito o facto de ter privado os adeptos, a minha equipa e a minha família e amigos da oportunidade de serem campeões da Europa", reconheceu ontem à imprensa inglesa.

A final de Moscovo terminou com um empate (1-1) no prolongamento e nas grandes penalidades, com 4-4 no marcador. Terry falhou o penálti que coroaria o Chelsea como campeão. "Revivo esse momento a cada minuto. Dormi poucas horas e acordo constantemente à espera que tudo não passe de um sonho mau", reconheceu. "Não posso acreditar que escorreguei. Sinto-me como se tivesse decepcionado todo o mundo", concluiu."

A ler de manhã:

"O liberalismo não é só um disparate económico. Num país como o nosso é uma violência social."

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A derrota revisitada


Moscovo, 21 Maio - O técnico Avram Grant conforta John Terry, desolado por ter falhado um penálti na final da Liga dos Campeões. O capitão escorregou no relvado molhado e não concretizou a penalidade que daria o título ao Chelsea. Depois, Van der Sar defendeu o remate de Anelka e o Manchester sagrou-se campeão.

Há nesta foto a ternura. De um pai que conforta. Um filho caído por terra. Que chora como criança. A alegria do outro que falhou também. A derrota venceu novamente.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Futorologia futebolistica VI no passado

O Sporting derrotou o Porto novamente. Assisti ao jogo no sitio mais improvável. Mas na altura que se cantava parabéns, entre palmas e gente à frente da TV, a bola acabou mesmo por entrar. A derrota era um facto consumado, entre bolo e mousse de chocolate.

Noticias de ontem e de agora

Ainda estamos vivos, apesar da pouca actualização aqui no blog. A caminhada filosófica foi um sucesso e todos ficámos mais atentos ao tema do comércio justo. Fica aqui o link para a Cores do Globo. Passem pela loja na Baixa e comprem. É mais do que justo.

Temos concerto já no próximo sábado (dia 24). Diz quem sabe que vai ser muito bom. Apareçam!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

No dia do senhor foi assim que acabou o dia



"...Por um instante foi possível ter 18 anos outra vez, exagerar nas emoções sem super-egos a atrapalhar, amparar-se um trintão bêbado, dar palmadas nas costas a um amigo acabado de conhecer.
Matt Berninger não é um has been. Canta o que já foi (e foi mau) e ainda pode voltar a ser (e ser pior e ter de se aguentar). Aquela catarse colectiva é fácil de perceber: aquilo foi uma IURD dos angustiados. Mas esteticamente imaculada." - in Publico 13.05.08

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Welcome back Alf

Bons ventos te tragam, caro Alf. Aqui o elogio da derrota agradece. Porque isto só com vídeos do youtube e poesia aborrece um bocado. Haja alguém que leve isto a sério.

Os jovens e a Política: Alf o regresso

Lides académicas me têm retido noutros locais menos democráticos que estes textos ocasionais. Entretanto, pouca coisa a referir: mais três ou quatro derrotas sob a batuta do maestro florentino (benfiquista desde pequenino) e um texto presidencial sobre jovens. Ora aí está um bom tema: os jovens e a participação política. Em primeiro lugar porque o grupo escolhido é de uma homogeneidade sociológica evidente. Pelo menos tanta como o grupo dos morenos que usa camisa azul à segunda–feira. Em segundo lugar, porque ficamos a saber que a Presidência da República encomenda estudos à Universidade de proveniência recente do Presidente da República, o que só sublinha a cooperação estratégica das instituições.

Seria de facto um bom tema, se tivesse lembrado aos estudiosos e ao senhor Presidente que a política não é questão de participação. É questão de funcionamento cardio-vascular. Se estamos vivos na «cidade» somos políticos. Não participar politicamente é já participar politicamente. Eu diria mesmo que é uma das mais violentas e consequentes formas de participação. Basta ver como os alemães da década de trinta participaram ao desparticiparem na eleição de um senhor austríaco que, por sinal, não tinha caves no quintal.
Os jovens de então, tal como o nosso venerando santo padre, correram atrás da disciplina, do mérito, do desenvolvimento económico, do sucesso (reconhecem?) e puseram todos umas coisas vermelhas no braço com umas cruzes esquisitas. Raciocínio causal: mas o que terá sucedido antes para tal demissão colectiva da consciência?

Já se vê qual a preocupação da Presidência: se o sistema vigente deixar de contar com os jovens e passar a reproduzir-se noutra forma que não a democracia liberal, pode sobrar para os descendentes da vivenda «mariani». E para os restantes cidadãos? Será melhor ? Pior?

Depende de onde soprar o vento.

Natural Despedida

Na esquina da erosiva tremura
da débil metáfora que eras
do volátil, do desmedido pudor que criavas,
Não podia tresandar mais do teu culto

Não, não podia...
Não podia exceder o triste beijo;
Esquecias-te da natureza minha
do animal que versava a erótica impressão

Porque da turbulenta e absurda hora
nascia a indefinida, a farta, a rica questão,
o enorme cajado que surge do monte
e conduz à desejada crispação

Qualquer música que entoavas era perfeita
Mas tu escolheste o fácil caminho. Eu fiquei.
Fiquei porque tu preferiste o rotineiro caos
enquanto buscava a simples razão

Oh! Agora despeço-me por instantes
Enquanto vives do tédio do contencioso passado
E tu sabes...O poeta que contagia a frase
Não é igual ao homem que te traz como despesa

Se soubesses a absoluta proximidade que sinto
Aquando te visito a todo o ferveroso instante
Oh! Acreditas nesta veracidade que dito?
A todo o cenário que crias de um modo incessante?

Sim acredita...Mas no limiar de toda a meditação
No momento em que todo o tempo exala da razão
Eu peço-me desculpa...
Tudo porque não te poderia "amar"

Eu não te posso amar...Ninguém pode.
Quem to afirma isso mente;
Pediria que eu te amasse mais que a mim
E isso seria viciar a humana razão

Simultaneamente prostrar-me-ei a ti, ao deus
E esparerei por ti, pela moderação do prazer
que me translucidavas em ti; e enquanto
não chega o diletante momento, digo-te adeus.

Obrigatório ler

Enche-se-me o coração de tristeza por MST

sábado, 3 de maio de 2008

Resumos do Novo Mundo

Regressado da migração típica de descanso do pessoal, faço agora um resumo do que foi estar em Nova Iorque, Philadelphia, Newark, Roselle. Uma tentativa de manter viva a memória. Atenção que é longo. Para aqueles que só acreditam quando vêem é por aqui

Notas prévias
1.
No aeroporto: "O senhor vem do México?" seguido de 5 minutos de interrogatório sobre o meu propósito ali. Começo a pensar que depois de 8h de voo, a paciência tende a acabar.
2. No aeroporto as malas chegam a tempo.
3. Primeira imagem/sensação: estão 30ºC, um bafo abrasador e vejo o meu primeiro Humvee. E sim os táxis são amarelos.
4. De boleia vou para o meu primeiro destino: Roselle. Subúrbios de Newark. Quem já viu filmes de hollywood, tudo isto é lhes familiar. Quarteirões de casas, com jardim, e crianças a andar de bicicleta. Vejo-me no meio de um deles.
5. A noite vejo um jogo de hoquei com 2 adeptos fervorosos. Jogo estranho este. Socos e encontrões são permitidos. Apesar disto a equipa que devia ganhar, perde. E o sono vence-me depois de 24h acordado.
6. Aqui tudo é plástico. Pratos. Copos. Não há sobras. Percebe-se que o fast food foi inventado aqui.

New York: dia 1.
Comboio a um domingo de manha cheio. Chegada a Madison Square Garden. Que afinal é um prédio. Os jogos da NBA começam no 7º andar. Não quero acreditar nisto. Táxis e mais táxis. O pescoço começa automaticamente a tentar procurar o céu. A escala aqui muda. Passa de horizontal para vertical. Tudo é enorme. Tudo é imenso. A primeira visão do Empire State Builiding. O metro é feio, sujo e cheira mal. Welcome to NY. Vejo-me de novo em centenas de filmes. Primeiro museu: Met. O almoço nas escadas. Entra-se. Salas e mais salas. Repletas de obras. É impossivel ver tudo. As tantas já não vemos nada. Segundo museu. Guggenheim. Brilhante exposição. As fotos que não permitidas. Tiro algumas sem se notar. 5ª avenida. O Central Park ali ao lado. Muitos policias. Regresso a casa. Foi o primeiro dia.
New York: dia 2.
Começamos de novo por um museu: Moma. O melhor de todos até agora. De novo demasiado para ver para o tempo que se tem. 6ª avenida. Trump towers. Bombeiros em alta velocidade passam. NBC. Rockfeller Center. A desilusão de ver um espaço tão pequeno. A TV distorce a realidade. É um facto. Saint Patrick Cathedral. Uma igreja no meio de prédios gigantes. De novo a escala. Caminhamos pela 42nd até Grand Central Station. Sou de novo interrogado. Estão a fazer um survey, dizem eles. Mas o facto de ter uma mochila, e estar a tirar fotografias, deve ter ajudado. Contudo são impecáveis na forma de estar. O Chrisler Building. Um óasis no meio de tantos outros prédios iguais. Times Square. Nova dimensão. Aqui o espaço associa-se com o tempo. E a luz entra-nos pelos olhos e não conseguimos ficar indiferentes. Aqui o mundo é outro. Estamos mais à frente. E tudo é sensações. Foi o segundo dia.
New York: dia 3.
Mais um museu. Natural History. A hipotese de ver dinossauros destes não é todos os dias. Fico emocionado como uma criança. Como gelado de astronauta. Estranho no inicio mas depois agradável. Segue-se Central Park. Um zoo de gente. Uma mulher que empurra um carrinho de bébé, com 2 cães lá dentro. Um homem de fato treino cor de rosa passeia o seu poodle. Uma chinesa de vestido de noiva, que por baixo usa calças de fato de treino e ténis de marca. Tudo é permitido. Ninguém comenta. Todos vivem debaixo do mesmo céu. O john lennon morreu por ali perto. Aqui no jardim, não estamos na cidade. Somos transportados para outro lugar e a cidade fica lá ao fundo. Subimos ao Empire. Vemos água pela primeira vez. E a cidade ganha outra vida. Ao fundo Downtown. O lugar das torres. Para norte o verde de Central Park. Lá embaixo os táxis fazem um colorido tipico. Descemos à Broadway. Confirma-se: o hamburguer do McDonald's sabe ao mesmo. Times Square à noite. Nunca vi nada assim. E estive lá. A luz vibra. Aqui a fotografia não chega. Foi o terceiro dia.
New York: dia 4.
Neste dia descemos a Broadway rumo a Little Italy e Chinatown. Novos mundos dentro do mesmo espaço de cidade. Little Italy já foi italiana. Hoje restam pequenos pontos. Os chineses estão a expandir-se. Chinatown é o mais perto que estive da China. Tudo está em chinês. Peixe tão fresco que ainda respira. Rãs vivas. Mercados paralelos de tudo. Relógios. Malas. Roupa. No fim do dia o passeio de barco. 2 horas a volta de Mananthan. Uma nova forma de ver a cidade. No horizonte. A estátua da liberdade. New Jersey. Downtown. A Brooklin Bridge. O regresso é de noite. A cidade volta a transformar-se. Um espectáculo de cor. Pequenos rastos de luz. O cartão de memória da maquina que avaria. Todas as fotos tiradas nesse dia perdidas. Abençoado Google, por mostrar o software que recupera parte das fotos. Foi o quarto dia.
New York: dia 5.
World Trade Center. O buraco que lá ficou. O projecto de um novo edificio. Wall Street. O segurança que fuma charuto. A pizza de New York à fatia. O gelado do Mister Softee. A igreja de Saint Paul. Memorial do que se passou em setembro do ano que mudou a cidade. A marca é profunda. Está visivel em muitos lados. Assume aqui o seu lado mais deprimente. Em que as fotos dos que não sobreviveram olham para nós. Dica importante: não há lojas de souvenirs nesta parte da cidade. Neste dia tivemos um jantar tipido. Barbecue com hot dogs e hamburguers. Foi o quinto dia.
Philadelphia: dia 1.
Tivemos a hipotese de conhecer outra cidade. Diferente do que tinhamos visto. Mais pequena. Histórica. A América nasceu aqui. Terra do Rocky. Subir as escadas e levantar os punhos. Como quem conquista o que quiser. Foi o sexto dia.
O regresso.
A ida ao Mall. Febre das compras. E mais compras. A viagem no Cadillac até ao aeroporto. O avião para Lisboa. O dormir pouco. Ao sétimo dia vimos que tinha sido bom. E descansou-se.

Apus apus apoia Ronnie "Rocket" O'Sullivan

Tenho sido seguido estes dias este senhor e outros como tal que jogam no taco a estratégia de uma vida passada à volta de uma mesa verde. Que num estranho ballet de homem, taco e bola vão se completando jogada após jogada. E assim se cria mais um momento pleno de humanidade e arte único.



ps. O maradona e outros como ele vão comentar amanha a final do campeonato do mundo. Altura de aprender com quem sabe.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ode ao enorme lago

Oh imensidade que manejas a cidadela,
que guardas sem meandros adversos conselhos
que emancipas o desejado éter da razão
Embala-me no enleio do teu sossego

Oh azul que ouves o pouso da riqueza,
do recosto do enorme génio que descansa
dos afeiçoados que veneram o teu esplendor;
Vejo esse nosso acre modo de viver...

Oh mar que gritas o ensurdecedor do adeus
enquanto caminho no teu delicado adarve
Tu que esperas o meu embarque pelo ilustre,
Pela acalmia que causas quando te enfureces

Oh enorme lago que desvaneces em mim a tua espuma
que fazes relembrar todos os sopros da memória,
Deixa sentir o forte, o cruel, o feliz festim
Que acalenta comigo o anseio da poderosa mão

Guarda nesse profundo vazio o enorme respeito
toda a crispação da esfera do vergonhoso refém
que nos prende a vontade do usar do poder,
e que entusiasmas até o mais estéril dos homens...